29 Abril 2008 -- terça-feira da 6.a semana de Páscoas
Actos 16, 16, 22-34; João 16, 5-11
Mosteiro de Huambo, Angola

HOMILIA

No fim do Evangelho de ontem, Jesus dizia aos seus discípulos que lhes falou de  todas as coisas para que “recordassem” que ele lhas tinha dito.   A lembrança, ou a memória é uma coisa muito importante na vida cristã.  Ao coração mesmo da vida cristã há a Eucaristia, que celebramos “em memória” de Jesus, como disse-nos que fizéssemos.  É também conservando uma memória tão constante quanto possível de ele, que nós podemos viver uma oração contínua, que é um dos elementos mais fundamentais da vida cristã e da nossa vida monástica.

Nesta luta contínua que se efectua incessantemente em cada um dos nossos corações entre o Espírito da Verdade e o espírito da mentira, é-nos possível ser sempre vencedores, se nós conservamos viva esta memória de Jesus, e sobretudo se, como exorta-nos são Bento, não preferirmos absolutamente nada ao amor de Cristo.

Trata-se para nós em viver de acordo com o Espírito de Jesus ou de acordo com que Jesus chama o espírito do mundo, que é o espírito de mentira.  Jesus diz que o espírito do mundo engana-se completamente na sua maneira de compreender o pecado, a justiça, e a punição.  De facto, o pecado não é simplesmente o facto de transgredir um preceito, mas uma recusa de amor. A justiça não consiste simplesmente numa divisão equitativa de bem material, mas numa vida direita de amar, como Jesus, até à extremo. E o julgamento ou a condenação não é um acto de Deus, mas simplesmente a ausência de vida e de amor na qual mergulha-se aquele  que se corta do amor de Deus.

Na primeira leitura, temos, como ontem o exemplo de um pagão de coração puro que se deixa transformar pela Verdade do Evangelho desde que foi-lhe transmitida.  Ontem era Lídia, de Filipos;  hoje é um guarda da prisão da mesma cidade. Notem em especial a menção da alegria que preenche aquele que se deixa penetrar pela mensagem do Espírito de Verdade.


Armand Veilleux





 

 

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