24 Abril 2008 – Missa do Espírito Santo 
1 Cor 12, 3b-7.12-13; João  14, 23-29.
Mosteiro de Huambo, Angola

Homilia

            Quando rogamos para receber luz do Santo Espírito, em certas circunstâncias importantes da nossa vida pessoal ou comunitária, esperamos talvez receber de Deus umas indicações claras sobre aquilo que devemos fazer.  Eh bem! Se ouvimos cuidadosamente as palavras de Jesus aos seus discípulos no Evangelho que acabamos de entender, aquilo que devemos esperar de Deus è algo muito mais profundo e muito mais íntimo de um sinal externo ou uma voz interna.  É comunhão  com Deus.

            Estas palavras de Jesus aos seus discípulos foram pronunciadas durante a última refeição que tomou com eles. Devia deixa-los cedo e sabia que teriam de enfrentar situações difíceis e tomar decisões cheias de consequências.  Diz-lhes também: “Se alguém me ama obedecerá à minha palavra, e o meu Pai o amará. E o meu Pai e eu viremos viver com ele”. Se alguém me ama …”  Esta é a primeira condição, sem a qual nada pode acontecer.  É a razão pela qual santo Bento diz que no mosteiro “nada deve ser preferido ao amor de Cristo”. “Se alguém me ama guardará a minha palavra”, ou seja, será fiel à minha palavra.  Guardar a palavra não é simplesmente obedecer a um preceito, mas é guardar no próprio coração a palavra daquele que amamos. Viver com esta palavra.  Então o Pai nos amará.  Ele e o seu Filho virão e farão a sua residência em nós.  

Quando vivemos esta união contemplativa com Deus, vemos tudo - as pessoas e as coisas - com os olhos de Deus, e tomamos espontaneamente as decisões que correspondem ao plano de Deus sobre nós, quase sem pensar.  Aquilo tornou-se o nosso reflexo natural.

            É a mesma realidade que Jesus descreve, em outras palavras, umas linhas mais a frente do nosso texto, quando diz aos seus discípulos que lhes enviará o Espírito Santo, o Defensor, que lhes ensinará  todas as coisas.  Este Espírito é a mesma realidade que une o Pai e o Filho e que une-nos à Deus.  É o amor do qual fala quando diz:  “O meu Pai vos amará. E o meu Pai e eu viremos viver com vocês.”

            Caras Irmãs, ao início desta Visita Regular, a coisa mais importante para vocês é abrir os vossos corações ao amor e as palavras de Deus e deixar-vos penetrar pela sua presença.  Então, verão cada um das vossas irmãs com os olhos de Deus.   Verão a vossa comunidade com os olhos de Deus e, com alegria, a alegria mencionada no Evangelho de hoje, verá os talentos e os carismas dados por Deus à cada uma para a edificação do corpo da comunidade.

            Durante esta celebração, solicitamos esta graça um para o outro.


Armand Veilleux





 

 

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