2 Maio 2008 -- sexta -feira da 6.a semana de Páscoas
Actos 18, 9-18; 16, 20-23
Mosteiro de Huambo, Angola

HOMILIA

 

Como vimos há pouco dias, os Actos dos Apóstolos nos dão uma descrição admiravelmente realista das interacções e mesmo das tensões na primeira comunidade cristã de Jerusalém.  Vimos como Barnabé tinha ido a procurar Paulo à Tarsos e como tinham trabalhado juntos antes de separar-se e prosseguir a sua obra de evangelização, cada um por seu lado. Hoje vemos as dificuldades de Paulo com os Judeus de Atenas e as suas primeiras dificuldades com a justiça romana.  Felizmente, desta vez, todo termina bem.  Não será sempre assim, como sabemos.

Aquilo recorda-nos que hoje ainda a Igreja constrói-se não tanto através de grandes demonstrações e grandes acontecimentos, mas sobretudo através a vida ordinária de cada Cristão.  É através da nossa experiência diária do Evangelho, com os nossos sucessos e os nossos malogros, através da nossa comunhão e a nossa tensão, que a nossa comunidade e a nossa Igreja constroem-se e crescem.

No Evangelho de hoje, temos outro segmento do longo discurso de Jesus durante a última Ceia.  Fala aos seus discípulos do seu crescimento pessoal e colectivo, utilizando, como faz  frequentemente, imagens tiradas dos elementos e os momentos mais importantes da vida humana: a alegria e a tristeza, a dor e a consolação, a vida e a morte.  Já tinha explicado a Nicodemos, ao início da sua vida pública,  que se não  nascer de   novo não se pode entrar a Vida.  Aqui, recorda-nos que qualquer nascimento implica dor.  Fazer a experiência da dor e da tristeza na nossa vida é uma experiência humana normal.  Mas sabemos também que a dor pode transformar-se em alegria, como a alegria da mulher que vem pôr uma criança ao mundo.  Sempre que crescemos realmente, sempre que um novo ser nasceu, podemos e devemos alegrar-nos.

 


Armand Veilleux





 

 

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